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Crítica | Mulher-Maravilha


É inegável que a DC tem enfrentado diversos problemas em seu universo cinematográfico. Homem de Aço não é nem um pouco consensual, Batman Vs Superman: A Origem da Justiça é ainda menos, dividindo fãs e a crítica especializada. De um tempo para cá, parece que a "redenção" - um filme que sua qualidade seja consensual - do universo recaiu sobre Mulher-Maravilha, e é possível dizer sem medo: nunca uma aposta como essa foi tão certeira.

A história do filme se passa durante a Segunda Guerra-Mundial, época em que Diana (Gal Gadot) ainda desconhece o mundo dos homens. Diana, filha de Hipólita, rainha das Amazonas, vive em Temíscira, uma ilha governada apenas por mulheres, até o dia em que a Grande Guerra chega ao seu lar, trazendo Steve Trevor (Chris Pine). Convencida de que a guerra só está acontecendo por causa de Ares, o deus da guerra, Diana se propõe a matá-lo para por fim à guerra de todas as guerras.

Logo de cara, o primeiro ponto positivo de Mulher-Maravilha já é bem realçado: sua fotografia incrível. Inteligentemente, o cinematógrafo Matthew Jensen acha uma escapatória sutil de como diferenciar a Ilha Paraíso, lar das Amazonas, do mundo dos homens: utilizando uma paleta de cores muito mais clara para a ilha enquanto que o mundo assolado pela guerra tem o cinza muito mais palpável. Aproveitando, o visual de todo o filme é estonteante. Todas as cenas de luta são muito bem dirigidas por Patty Jenkins, remetendo até mesmo ao estilo bastante característico de Zack Snyder de utilizar vários movimentos em apenas uma cena. A diretora consegue facilmente também demonstrar o quão poderosa Diana é, seja em lutas contra soldados comuns ou contra Ares.

Outra característica que se destaca é seu tom, que não foge do mais soturno proposto por Batman Vs Superman: A Origem da Justiça, mas consegue inserir seu próprio estilo de humor, extremamente engraçado, sutil e em ótimo timing. O filme não cai na "fórmula Marvel" e parece construir seu próprio tom, misturando o sombrio, ignorando o demasiado depressivo e inserindo no meio disso tudo um humor rápido, bem cronometrado e bastante fluido. A inocência da protagonista sem dúvida é bem aproveitada em diversos momentos, fazendo com ela pareça uma criança em uma terra feita de chocolate, e a maneira como ela vai perdendo essa inocência é muito bem construída no decorrer das mais de duas horas de filme.

Falando da protagonista, é impossível imaginar qualquer outra mulher no papel da personagem depois deste filme. Gal Gadot se torna a imagética perfeita da representação feminina em um filme que fala tanto sobre amor, guerra, papel da mulher e super-heróis. Desde o início, a atriz se mostra mais do que capaz de carregar o filme nas costas e se prova a cada momento como uma personagem ainda mais imponente do que o próprio Superman. A maneira como a trilha sonora da personagem se torna coerente com a demonstração de poder de Diana é impressionante.

Felizmente, para os que tinham seus problemas com a construção de roteiro de Batman Vs Superman: A Origem da Justiça podem esquecê-los completamente. A construção da mitologia da super-heroína é bastante fiel e feita em harmonia com a criação da mitologia dos deuses gregos, que são bem inseridos no universo da Amazona. Além disso, a história foge dos subterfúgios utilizados no último filme da DC: não há sonhos mirabolantes, nem o tom sombrio a todo momento, nem o mesmo ritmo. Enquanto o filme estrelado por Ben Affleck e Henry Cavill tinha muito menos dinamismo, esse é totalmente enérgico. Por mais que Diana carregue um grande peso nas costas, ela não está nem um pouco tão sombria quanto os personagens do filme anterior do universo, possuindo diversas tiradas cômicas que servem de escape para o espectador. A história também é um exemplo de como um filme pode ser independente ao mesmo tempo que está inserido em um universo muito maior. Desde o início, fica bem claro, mesmo que muito sutilmente, que existe um Batman e outros heróis mundo afora, dispensando qualquer participação especial desnecessária.

Divertido, dramático e frenético, o filme da Mulher-Maravilha é um exemplo a ser seguido pelo restante da DC. Ainda adotando um tom mais sombrio, assim como o restante do universo, o filme consegue fugir da caixinha e ser ao mesmo tempo extremamente engraçado e leve. Com uma história ainda melhor, que serve para apresentar a origem de uma heroína mais poderosa do que qualquer herói do universo, Mulher-Maravilha é definitivamente o melhor da DC até o momento, e um dos melhores do gênero super-herói. Se Liga da Justiça até agora era uma incógnita, esse filme mostra que a DC pode acertar em cheio, sim. Mais do que nunca - pela primeira vez, na verdade - esse pode realmente ser o momento da DC nos cinemas.

Direção: Patty Jenkins

Roteiro: Allan Heinberg

Distribuição: Warner Bros.

Data de lançamento: 01/06/2017

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