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Crítica | Visages Villages


Visages Villages é um daqueles filmes raros, um daqueles que todo cinéfilo espera encontrar de tempos em tempos. É difícil traduzi-lo em palavras; Talvez isso se deva à matéria prima essencial de sua trama: as imagens. Seja como for, antes de arriscar um ou dois parágrafos sobre o longa dirigido pelos próprios protagonistas, começarei pela conclusão: é importante deixar claro que este é um documentário sobre a humanidade, poesia, empatia e arte, mas sobretudo sobre a força da relação entre cada um destes aspectos.


“Podemos exprimir nossa imaginação no seu espaço?", pergunta retoricamente Agnés Varda, a diretora de cinema belga de 90 anos que interpreta a si mesma em seu documentário. Essa é a essência do trabalho realizado por ela e JR, um jovem fotógrafo francês que prefere ser identificado apenas pelas iniciais e esconder-se atrás das lentes escuras. Os dois unem a experiência acumulada em gerações e contextos distintos com a paixão pela arte, e partem em busca de mudar a perspectiva das pessoas sobre o mundo que as cerca.


A partir de cenas muito espontâneas de interação entre os dois protagonistas, o documentário segue uma linha não linear - um recurso muito coerente com a mensagem transmitida - e envolve o espectador com a sensibilidade do encontro entre a visão de Agnés e JR e a das histórias que encontram pelo caminho. A proposta da dupla é justamente resgatar as narrativas orais viajando pelos vilarejos esquecidos da França - em uma vã muito característica que tem formato de máquina fotográfica - e ir, aos poucos, ressignificando o espaço e as vidas anônimas dessas pessoas.


A trilha sonora funde-se com a poesia da narrativa do documentário, que por vezes chega a parecer ficção. A relação oposta e complementar de Agnes e JR também contribui para que rapidamente o espectador sinta como se fizesse parte dessa transformação. Histórias reais que são vistas sob o espectro subjetivo do olhar míope do artista. Podemos dizer que Visages Villages é uma jornada em busca do essencial.


Para aqueles que experimentam uma ligação íntima com o cinema, a fotografia e a arte em geral, o filme trará agradáveis surpresas , permitindo saborear a presença de nomes como Godard e Bresson, considerados ícones em seus segmentos artísticos, funcionando como personagens ativos na narrativa, de uma certa forma. Mas até mesmo quem não sente essa conexão tão intensamente, sentirá a entrega de sinceridade e a força da sensibilidade presente em cada elemento da produção.


Disposto a mostrar que uma narrativa nem sempre segue em linha reta , mas se aceitarmos esse fato e aprendermos a usá-lo a nosso favor, podemos descobrir perspectivas e história nunca antes imaginadas, Visages Villages é realmente uma manifestação poderosa das inúmeras possibilidades de reconexão com essência puramente humana que existe em cada um de nós. Uma oportunidade imperdível; não deixe de viajar com JR e Agnes nessa jornada!

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