Crítica | O Touro Ferdinando

[O texto contém spoilers]

Baseado no conto de 1935, com o mesmo nome, O Touro Ferdinando traz como base, o poder de escolha, aceitação e tolerância. O novo filme de Carlos Saldanha vem para cutucar aqueles que não aceitam o diferente, tendo uma proposta de demonstrar que não se deve oprimir o diferente, e sim, compreender a decisão do outro, algo que, nos dias atuais, ainda não foi totalmente alcançado.

Situado na Espanha, o longa conta a história de Ferdinando, um touro que, na infância, fugiu de um criadouro e arranjou uma nova família em uma fazenda. Certo dia, Ferdinando vai até a cidade e ao ser picado por uma abelha, se descontrola e destrói várias coisas da cidade, consequentemente, é capturado e volta para o criadouro de sua infância, onde encontra seus velhos amigos e conhece novos, e, contra sua vontade, é escolhido para as touradas.

O roteiro, como o próprio Saldanha disse em uma recente entrevista, foi a parte mais difícil da adaptação, pois, como criar um enredo de uma história onde há um herói pacifista? Sendo assim, esplendorosamente, houve uma “expansão do universo de Ferdinando”, abrindo portas para a explorar outros fatores e criar uma profundidade maior para a trama e sua mensagem de aceitar o diferente, como exemplo, a utilização de alguns personagens que não haviam sido explorados, tanto no curta quanto no conto, que agregam na transmissão da mensagem.

A dublagem nacional do longa não fica longe do original, que tem entre os destaques, o astro do WWE, John Cena, que dubla Ferdinando, e no Brasil, é dublado por Duda Ribeiro, que consegue sincronizar e transmitir a personalidade do touro com suas falas, tornando em algo natural. Outros destaques da ótima dublagem da animação é Maisa (sim, aquela do Sílvio Santos) que dubla Nina, uma garota que cresce com o touro e Talitha Carauta, dubladora da cabra, Lupe.

Outro ponto forte, é que o filme consegue misturar drama com humor, sem perder sua essência e sem deixar de transmitir sua mensagem. Cenas, como, grande parte da interação entre o Ferdinando e a cabra Lupe, que são de fazer grande parte do público cair em gargalhadas. E cenas dramáticas, como, quando o pai de Ferdinando é escolhido para ir para as touradas de Madrid e acaba não retornando para casa, assim, Ferdinando acaba fugindo de sua vida antiga.

O diretor das sensacionais animações “A Era do Gelo” e “Rio”, acerta a mão novamente e traz um filme para toda a família, cheio de emoção, humor, aventura e que ainda traz mensagens que são necessárias para nossos dias atuais.