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Crítica | Altered Carbon - 1ª Temporada

A mais recente produção da Netflix, Altered Carbon (baseada na obra de Richard K. Morgan), chega ao streaming com uma premissa muito interessante: introduzir o espectador a uma realidade na qual as pessoas possuem a virtude da “imortalidade”. No contexto do seriado, isso é possível graças à um cartucho instalado na base do cérebro dos seres humanos no momento do nascimento, o qual armazena a consciência fazendo com que, quando o corpo da pessoa pereça sob algum acidente ou alguma doença, o mesmo possa ser substituído por um novo, onde o cartucho do indivíduo é recolocado, fazendo com que o cidadão continue seguindo normalmente com sua vida. Sendo assim, uma mulher asiática, ao perder a sua “capa” (assim como são chamados os corpos das pessoas em Altered Carbon), poderia voltar à ativa no corpo de um homem negro, por exemplo, desde que seu cartucho tenha permanecido intacto.


Sem dúvida a proposta por trás de Altered Carbon é atrativa. Afinal, a série sugere (em um primeiro momento) questões políticas e sociais que seriam colocadas em jogo por conta da preservação da consciência humana (e a consequente troca de corpos), tendo em vista que, para que um indivíduo em Altered Carbon tenha seu cartucho transferido para outra “capa”, o mesmo deve contar com certos recursos financeiros. Do contrário, a transferência para um outro corpo não é possível. Sendo assim, a desigualdade social é gritante na realidade do seriado, tanto que os mais ricos são colocados à nível de deuses, uma vez que estes possuem milhares e milhares de anos (devido à incontáveis mudanças de “capas”, graças à todo seu dinheiro). Além disso, a troca de corpos também levanta importantes questões religiosas e culturais que acabam por ser problemáticas dentro deste universo.


Entretanto, tais questões acabam sendo exploradas de maneira muito razoável durante o decorrer dos episódios, e acabam dando espaço aos superficiais traumas psicológicos dos protagonistas e à um clima de investigação que pouco prende a atenção de quem assiste. Quando a história se inicia com o protagonista Takeshi Kovacs (Joel Kinnaman) voltando à ativa após 250 anos, através de um novo “encapamento”, para que solucione o assassinato de Laurens Bancroft (James Purefoy), temos a impressão de que algo promissor está por vir, mas infelizmente a série acaba se perdendo.


O roteiro é instável. Começa morno, melhora pela metade e deixa a desejar quando se encerra. Já os personagens, apesar de interessantes, não demonstram a profundidade necessária que deveriam, o que acaba sendo prejudicial à trama, visto que a realidade que os cerca é extremamente complexa.


Mas verdade seja dita: os efeitos visuais são surpreendentes. Até agora a Netflix não havia feito nada como o mundo de Altered Carbon. As cenas de ação também são muito bem filmadas e empolgantes, fazendo com que a trama (um tanto quanto vazia) não seja tão massiva de ser acompanhada.


O problema maior em Altered Carbon é o não aproveitamento de suas grandes ideias. Algo que poderia ser excelente, mal consegue se sustentar como sendo bom. E no fim, a sensação que fica para quem assiste é a de insatisfação com algo que, claramente, tem potencial para ser realmente interessante.

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