Crítica | King: Uma História de Vingança

Velozes e Furiosos e Transformers são os exemplos perfeitos de blockbusters despretensiosos. Apesar de não dominarem o gênero ação atualmente, franquias como 007, Jason Bourne, John Wick e o recente O Contador têm recuperado - com certo esplendor - a essência de filmes de ação com um protagonista 'badass' que durante duas horas de filme mata dezenas de inimigos. King: Uma História de Vingança é mais um desses filmes, mas agora com a iniciativa partindo da Netflix.
A trama do filme segue Jacob King, um sul-africano que visita a cidade de Los Angeles em busca de sua irmã, Bianca, que deixou uma mensagem de socorro. Ao descobrir que sua irmã foi assassinada por homens que lideram a rede de crime da cidade, Jacob parte em uma jornada de vingança que acaba tomando proporções imensas.
Em meio a tantos filmes do gênero de ação de qualidade, esse filme original da Netflix chega tentando imitar algumas fórmulas de sucesso do cinema: seja no jogo de câmeras mais próximo, íntimo, facilitando para o diretor Fabrice Du Welz (Aleluia, Espíritos Condenados), e tornando o filme muito mais econômico e muito menos coreografado. Esse é o principal erro do filme: a falta de coreografia nas cenas de luta. De Volta ao Jogo, filme que traz Keanu Reeves como protagonista, recebeu tantos elogios por suas cenas de ação bem ensaiadas e fluidas, e quando compara-se com as cenas de King, a sensação é de que Fabrice estava com preguiça de treinar os atores para as filmagens.
Além da falta de experiência evidente do diretor em filmar cenas de ação decentes, o roteiro assinado por Oliver Butcher e Stephen Cornwell também é mal trabalhado. Apesar do mistério bem construído acerca do porquê Bianca foi assassinada, as respostas não satisfazem, sendo basicamente jogadas para o espectador. A motivação de todo o filme, ainda que bem construída, perde um pouco do sentido depois que as explicações chegam de forma brusca e pouco desenvolvidas, de fato.
O filme é recheado de atores de peso, trazendo Chadwick Boseman (o Pantera Negra de Guerra Civil) como protagonista, Luke Evans e Teresa Palmer como secundários, mas nem mesmo o elenco estrelado contribui para apagar as cenas de ação mal construídas e o roteiro mal elaborado. É evidente como o filme é simplista e tenta copiar fórmulas de sucesso de filmes muito melhor elaborados, o problema disso é que King: Uma História de Vingança tenta se levar tão a sério quanto esses filmes, mesmo que não passe de um filme 'sessão da tarde'.
Apesar da iniciativa da Netflix em investir fervorosamente em conteúdo original, especialmente em filmes originais, ser bastante bem-vinda, falta certa seletividade por parte do serviço de streaming na hora de produzir tais conteúdos. King: Uma História de Vingança é um filme razoável se encaixado no gênero ação, copiando descaradamente fórmulas de sucesso do cinema atual e não sabendo trabalhar com tais peculiaridades. Entretanto, ainda que não seja bem resolvido em sua ação e não traga uma história muito intrigante, se visto como um filme pipoca despretensioso pode acabar valendo a pena.
Nota: 2,5/5
Direção: Frabrice Du Welz.
Roteiro: Oliver Butcher e Stehpen Cornwell.
Elenco: Chadwick Boseman, Teresa Palmer e Luke Evans.
Distribuição: Netflix.