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Crítica | A Torre Negra


[O autor desta crítica não leu as obras originais]

Os livros de Stephen King são materiais ricos para adaptações cinematográficas e não raramente vê-se um filme sendo lançado que tem como base alguma obra do autor. Alguns, como O Iluminado, Carrie: A Estranha e It: Uma Obra Prima do Medo, dão bastante certo, e outros como Comboio do Terror, Sonâmbulos e O Apanhador dos Sonhos, nem tanto. A Torre Negra, a mais nova adaptação literária chega para ficar no meio termo, apresentando um mundo novo bastante chamativo, mas que não consegue replicar bem as ideias do gênio que é Stephen King.


A história do filme se passa em dois mundos distintos: o Mundo-Médio e o planeta Terra dos dias de hoje, com um garoto, Jake Chambers (Tom Taylor), que tem visões do que pode acontecer com o mundo se a Torre Negra - uma torre que sustenta a vida de todo o universo - for derrubada. Junto com o Pistoleiro Roland de Eld (Idris Elba), Jake vai em uma jornada para derrotar o Homem de Preto (Matthew McCounaghey), que quer que a torre seja derrubada, a fim de que domine um mundo cheio de monstros.


O grande erro do longa aconteceu muito antes do início de sua produção, ao escalar um diretor que não tinha calibre o suficiente para dirigir um filme que deveria proporcionar uma experiência épica. Nicolaj Arcel, encarregado da direção, parece ficar perdido em misturar um mundo faroeste pós-apocalíptico e um mundo contemporâneo - apesar de entender muito bem de design e fazer um contraste visual incrível entre os dois mundos. Entretanto, Acerl falha nas cenas de ação, não sabendo conciliar os efeitos práticos com os efeitos especiais, mais parecendo um show visual feito por universitários.


O apelo do filme está em seus atores extremamente competentes. Idris Elba impressiona como o Pistoleiro Roland, atribuindo a seu personagem um ar de cansaço, trauma e sofrimento que funciona muito bem - remetendo até mesmo ao Logan do último filme de Hugh Jackman: um personagem que vaga por um mundo sem esperança. Tom Taylor, o jovem garoto de 16 anos traz uma atuação bastante consistente, e nos momentos extremos de seu personagem, ele não decepciona, mostrando-se um dos possíveis potenciais do futuro de Hollywood. Matthew McCounaghey, apesar de ser um ótimo ator e conseguir transmitir bem a ideia de maldade em seu personagem, acaba parecendo extremamente caricato, maléfico de uma maneira cômica - mais por conta dos diálogos ruins de seu personagem, do que sua própria atuação.


Os efeitos especiais do filme também não contribuem para que a experiência seja elevada. Os poderes do Homem de Preto interpretado por McCounaghey destoam na cena, e em alguns momentos até são ridículos. Nas cenas de ação, o diretor Nicolaj abusa dos efeitos práticos quando Idris Elba é o foco - e acerta nisso -, mas sempre que o Homem de Preto entra em tela, os efeitos especiais o acompanham e decepcionam por lembrar mais um filme de baixo orçamento do que a tal experiência épica prometida.


Entretanto, a essência da história - épica em sua própria raiz - ainda está no filme, e apesar de aparentar ser encurtada - o pouco tempo de duração afeta nisso diretamente -, funciona bem. O quase iminente fim do mundo não soa forçado e as viagens entre ambos os mundos agradam esteticamente, considerando a dicotomia da paleta de cores entre o Mundo-Médio e a Terra atual.


O pouco tempo de filme, aliás, parece ter sido mal pensado. O terceiro ato do filme, que promete uma resolução épica e grandiosa, com a luta entre Roland e o Homem de Preto, é uma total decepção por conta de como as coisas são resolvidas abruptamente, sem trazer quase nenhum desafio para o herói.


Em meio a atuações bastante decentes e uma direção fraca, A Torre Negra soa como um filme que desperdiça seu potencial. Um longa que facilmente conseguiria construir uma franquia cinematográfica, mas que acaba não cumprindo o que promete em seus trailers, entrega um vilão tosco, efeitos especiais de baixo nível e um terceiro ato fraquíssimo. O filme acha um segundo suspiro em suas atuações, sua história intrigante e seu design caprichado, esperando que isso seja o suficiente para o público, mas acaba desperdiçando sua grande capacidade, parecendo mais um possível épico que se tornou genérico.



Direção: Nikolaj Arcel.


Roteiro: Akiva Goldsman, Jeff Pinkner, Nikolaj Arcel e Anders Thomas Jensen.


Elenco: Idris Elba, Tom Taylor, Matthew McCounaghey, Claudia Kim e Katheryn Winnick.


Distribuidor: Sony Pictures.


Data de lançamento no Brasil: 24/08/2017.

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