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Crítica | O Assassino: O Primeiro Alvo


Filmes de ação em que o protagonista é alguém super treinado que precisa matar pessoas ainda mais treinadas, utilizando como reforço apenas as próprias mãos e armas não são novidade em Hollywood. John Wick é sem dúvida o melhor desse sub-gênero dos últimos anos, ao lado de O Contador. Dessa vez, o jovem Dylan O'Brien, conhecido por papéis em que ele vive o perdedor ou o nerd - com Maze Runner sendo a grande exceção -, resolveu encarar o desafio de carregar um filme de ação nas costas e tentar estabelecer um franquia. O resultado? Satisfatório, apesar das grandes derrapadas.


O Assassino: O Primeiro Alvo conta a história de Mitch Rapp (Dylan O'Brien), um jovem comum que acaba sendo o único sobrevivente de um atentato terrorista em que vê sua noiva sendo assassinada. Sedento por vingança, Rapp tenta trilhar um caminho próprio atrás dos assassinos de sua amada, mas acaba sendo contratado pela CIA durante o processo, tendo que passar por um treinamento especial para se tornar um espião em uma célula secreta do governo americano. As coisas mudam quando o agente precisa impedir que o governo iraniano receba uma arma nuclear que está sendo negociada por um ex-agente norte-americano.


O apelo juvenil do filme - seu protagonista carismático e bastante esforçado, a comédia sutil e todo o treinamento de Rapp, apesar de brutal em alguns momentos - agrada bastante e serve como uma forma de entrada para o público que não se interessa tanto por um filme de ação que segue determinadas peculiaridades. Além disso, o treinamento de Mitch lembra momentos de livros infanto-juvenis em que o protagonista precisa passar por um processo de seleção ou precisa se preparar para uma missão - remetendo a livros como Divergente e até mesmo Maze Runner em que Dylan O'Brien também protagoniza. Esses momentos ajudam para dar um tom diversificado em um filme mais sério e adulto.


O reforço no elenco também é muito satisfatório. Michael Keaton vive o instrutor de Rapp, Stan Hurley, um veterano da guerra fria. O ator não precisa se esforçar muito para transmitir suas feições de desgosto e de indiferença. Apesar disso, Keaton não decepciona, mesmo que acabe roubando a cena apenas por conta do rosto conhecido e não por seu talento, apagando um pouco Dylan. Taylor Kitsch vive o vilão do filme, e é o responsável pelas piores cenas. Inicialmente, agrada bastante, envolvido em muito mistério e aparentando ser um vilão inescrupuloso e bem treinado. Entretanto, conforme o filme se desenvolve, o personagem acaba se tornando mimado e com motivações ridículas e muito volúveis. Fica difícil compreender o porquê de tudo o que o vilão está fazendo.


Contudo, o grande destaque de fato fica para Dylan O'Brien. O ator - muitas vezes subestimado - já havia se provado como alguém extremamente multifacetado em Teen Wolf, A Primeira Vez e Maze Runner, mas pela primeira vez consegue escapar da imagem de jovem galã. Por meio da serenidade, O'Brien consegue transmitir sensações muito honestas, e para melhorar, ele se resolve muito bem em todas as cenas de ação - apesar de muitas vezes elas acabarem sendo estragadas pela direção.


A maior conquista do filme é a de tentar criar um próprio segmento nesse gênero de ação já bastante recheado. Fica claro a tentativa do diretor Michael Cuesta (conhecido por O Mensageiro) de tentar conciliar um filme de ação desenfreada, que tenta utilizar como base filmes como Jason Bourne e John Wick, com um filme juvenil que apresenta o treinamento do protagonista, mostrando sua ascensão para se tornar um assassino profissional.


Entretanto, o que mais se destaca no longa é o quão marcado é por ser genérico. O vilão do filme é genérico e totalmente deslocado. O personagem de Michael Keaton é genérico e não traz nada de novo - tanto para o filme quanto para o próprio ator que parece até mesmo entediado durante as duas horas. A própria direção de Cuesta é genérica, utilizando-se de artifícios estabelecidos por Paul Greengrass em Supremacia Bourne. A melhor coisa do filme - e a única que consegue se destacar por não ser tão comum - é Dylan O'Brien.


Hollywood está recheada de filmes de ação que seguem as mesmas fórmulas, e O Assassino: O Primeiro Alvo é justamente mais um nessa lista. O filme se destaca de fato em poucos aspectos, e no geral, mais parece um John Wick com uma direção mais fraca. Na verdade, o filme até mesmo funcionaria melhor como um prelúdio tanto de John Wick quanto de Jason Bourne, sendo até mesmo mais fácil de se explicar a repetição de tantos fatores. A falta de personagens de peso que fujam do genérico é outro problema do filme, que é basicamente carregado por seu protagonista extremamente competente. No fim de tudo, O Assassino: O Primeiro Alvo é mais um filme que serve para mostrar a capacidade de Dylan O'Brien e que serve como uma boa oportunidade de franquia, mas que acaba perdendo seu valor por conta de sua falta de criatividade.



Direção: Michael Cuesta


Roteiro: Stephen Schiff, Marshall Herskovitz, Edward Zwick e Michael Finch


Data de lançamento no Brasil: 21/09/2017

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