Crítica | Como se Tornar o Pior Aluno da Escola

Sabe-se que, nos tempos atuais, a escola é um lugar onde crianças e adolescentes são submetidos à uma grande pressão psicológica, tanto por parte dos professores, quanto por parte dos pais. Afinal, a ideia imposta pela sociedade é a de que: “nada melhor do que muito estudo para ser bem-sucedido na vida”. Em Como se Tornar o Pior Aluno da Escola, um novo ponto de vista sobre o ambiente escolar e sobre tal ideia é apresentado: o de Danilo Gentili.
Autor do livro homônimo que deu origem ao filme, Gentili é o produtor e roteirista do longa, e como não poderia deixar de ser, intérprete do Pior Aluno da Escola. Ao lado do diretor Fabrício Bittar, o apresentador/comediante é o responsável por essa sátira ao sistema educacional e a todo o conceito de escola que se tem. Na trama, Pedro (Daniel Pimentel), o típico bom aluno do ensino médio, passa a apresentar um mal desempenho em suas notas, sendo assim, é alertado pelo Diretor Ademar (Carlos Villagrán, o Quico de “Chaves”) que a única forma de passar de ano seria tirando a nota máxima no exame final. Desesperado e com a ajuda de seu melhor amigo Bernardo (Bruno Munhoz), Pedro recorre ao Pior Aluno da Escola (Gentili) para ter chances de tirar 10 na prova que determinará seu futuro no colégio.
O filme se arrisca. É diferente de qualquer produção nacional que se teve até hoje. Baseado nas comédias colegiais hollywoodianas (a influência é clara), o filme tem seus momentos de glória com boas piadas (algumas um tanto quanto apelativas). Entretanto, em determinados momentos, algumas delas são prejudicadas pela falta de timming, e sabe-se que timming é a regra número um para qualquer tipo de comédia. O elenco trabalha em sintonia, criando um clima divertido e informal durante todo o filme, e aqui deve-se destacar os trabalhos dos veteranos Carlos Villagrán e Moacyr Franco (que interpreta o engraçadíssimo faxineiro do colégio). Rever Carlos Villagrán atuando novamente depois de tanto tempo é um “colírio para os olhos”, principalmente para aqueles que tiveram suas infâncias marcadas pelos programas do Chaves e do Chapolin. Com suas excelentes expressões e seu sotaque, que dá um ar ainda mais cômico ao seu personagem, Villagrán consegue construir um grande antagonista para a trama. Já Moacyr Franco se destaca por não possuir papas na língua e ser o personagem mais despreocupado de todo o filme, colaborando para os momentos mais hilários do longa. Deve-se ainda elogiar a direção de Fabrício Bittar juntamente com toda a parte de edição do filme, o qual é esteticamente muito bem produzido.
Apesar de apresentarem um bom desempenho trabalhando junto com outros membros do elenco, analisados à parte, os interpretes dos protagonistas (os novatos Bruno Munhoz e Daniel Pimentel) não conseguem carregar o filme nas costas e cumprir seus papéis como pontos centrais de toda a trama. Mas de forma geral, tratando-se de estreantes, os garotos fazem um bom trabalho.
Levando em conta que o filme é feito no melhor (ou pior?) estilo besteirol, não se espera que o mesmo tenha algo a mais para apresentar além de uma quantidade massiva de piadas e maluquices.
Entretanto, Como se Tornar o Pior Aluno da Escola busca passar uma mensagem e apresentar seu próprio conceito de uma “vida bem-sucedida” (à la Danilo Gentili, é claro). Talvez para os mais velhos, assistir ao filme não seja a melhor experiência de todas, mas com certeza irá arrancar algumas boas risadas de qualquer grupo de adolescentes que se juntar para ir assistir ao filme nos cinemas.

Elenco: Danilo Gentili, Carlos Villagrán, Moacyr Franco, Daniel Pimentel e Bruno Munhoz
Direção: Fabrício Bittar
Distribuidora: Paris Filmes
Entrevista com Carlos Villagrán