Crítica | Logan Lucky - Roubo em Família

Um meticuloso roubo, duas famílias, e muitas caricaturas da cultura norte-americana; estes são os três elementos base que compõem a atmosfera do novo filme dirigido por Steven Soderbergh (Onze homens e um segredo). Logan Lucky - em português, Roubo em Família - aborda a história de um novo oeste com carisma e bom humor.

Ao som de Take Me Home Country Roads , canção épica de John Denver, somos apresentados ao protagonista Jimmy Logan (Channing Tattum) e alguns detalhes de sua vida nada extraordinária no interior de West Virginia. Aliás, seguindo a linha da música de abertura, outros sucessos do country são explorados ao longo do filme, tornando a trilha sonora característica fundamental na ambientação das cenas e da conduta dos personagens.

A maneira caricata - desde os estereótipos até os sotaques adotados pelos atores - com a qual os personagens são retratados faz com que o filme assuma uma paródia sobre velhos métodos em um oeste atual. Algumas características cômicas introduzidas durante o filme já não funcionam, e os estereótipos são quebrados aos poucos. Talvez o paralelo seja proposital e sirva para expor as contradições americanas, sobretudo na era de Trump.

O longa acompanha a trajetória em decadência de Jimmy - um pai divorciado e recém desempregado com uma coleção de frustrações. Ainda assim, o tom do filme é leve e essas adversidades são exploradas com humor, principalmente quando passamos a conhecer os membros e a dinâmica da família Logan, famosa na cidade pela má sorte.

Sem nada a perder, o protagonista decide virar o jogo contra o próprio destino e executar um roubo ao maior e mais importante evento da cidade. Com a ajuda dos irmãos Clyde (Adam Driver) e Mellie (Riley Keough) Logan, e do bandido encarcerado Joe Bang (Daniel Craig) , Jimmy traça as estratégias e as ações da trama que desenvolve-se repleta de reviravoltas divertidas.

A escolha do elenco surpreendente - que conta com a presença de grandes nomes como Katie Holmes, Seth MacFarlane, Hilary Swank, Katherine Waterston e Sebastian Stan - garante o carisma que mantém a atenção do espectador para um roteiro não tão bem amarrado, escrito através do pseudônimo de Rebecca Blunt. A versatilidade das atuações - com destaque para a do ex agente James Bond- desvia a atenção dos detalhes mal explicados e alivia as cenas arrastadas.

A trama pode não ser tão inteligente como pretende nos fazer acreditar, mas a experiência ao assistir Logan Lucky é interessante e despretensiosa, proporcionando a leveza e diversão de um filme sem a cobrança de um entendimento incômodo. Para aqueles que curtiram e já se apegaram aos personagens, o roteiro deixa uma brecha intencional em aberto para uma continuação.