Crítica | Pokémon - O Filme: Eu Escolho Você!
Reintroduzir o mundo Pokémon para uma nova geração. Esse foi o objetivo do filme que, não a toa, foi lançado para comemorar os 20 anos do lançamento do anime que tornou os monstrinhos e treinadores febre mundial nos anos 2000. Agora, se a meta foi alcançada, é outra discussão.
A nostalgia foi a principal arma do novo longa metragem. Reconstruindo cenas memoráveis do anime e lembrando os fãs das histórias vivenciadas por Ash e Pikachu na trama original, o filme consegue emocionar e recolocar os fãs de longa data na perspectiva e admiração de um mero principiante neste complexo mundo Pokémon. E nos tratando como tal, o filme propõe ideias e mensagens similares às do anime, como a importância da amizade e do respeito, agora direcionadas a uma nova geração de treinadores! Além disso, para os mais aprofundados na franquia, são inseridas diversas referências - explícitas e escondidas - de jogos, filmes e também do anime. Ou seja, a franquia lembrou dos fãs veteranos, como vem fazendo em suas mais recentes produções.
O vigésimo filme, no entanto, foge radicalmente de seus antecessores. Normalmente, os longas da série Pokémon se encaixam na linha histórica do anime, retratando os mesmos personagens e a mesma região em que Ash viaja no momento - atualmente, Ash está na região de Alola, mas o filme se passa em Kanto. Ao invés disso, ocorreu a introdução de personagens totalmente desconhecidos. Vera e Sérgio (nomes na tradução brasileira) são os acompanhantes de Ash durante o filme, substituindo Misty e Brock. O curioso é a proximidade entre os coadjuvantes: Vera treina Piplup, um Pokémon de água e gosta de provocar Ash. Já Sérgio, de personalidade calma, não sonha em ser um treinador (em seu caso, quer ser professor) e é o cozinheiro da turma. Para os que acompanham o anime, a proximidade é evidente.
Mesmo que despertem interesse do público, os novos personagens são pouquíssimo aprofundados durante a trama - e, ao que tudo indica, não serão no futuro. A história original, portanto, foi adaptada ao encaixe desses personagens quase vazios. Com isso, e também pelo tempo de duração do filme, cenas marcantes tiveram de ser alteradas e, ao mesmo tempo em que tiveram seu entendimento restrito aos fãs Pokémon, não se mostraram autênticas aos que assistem pela primeira vez.
Por outro lado, as cenas trabalhadas no filme são muito bem finalizadas. Com traço e animação aprimorados, o mundo Pokémon representado, em sua ambientalização e cenário, não fugiu do original e atingiu uma harmonização que agrada àqueles que ainda não o conhecem. Outro ponto positivo está nas batalhas, que são feitas no balanço exato e equilibrado entre efeitos visuais e a movimentação dos Pokémon.
A trama principal gira em torno do lendário Ho-Oh, um dos poucos que ainda não havia sido usado nos filmes anteriores. Assim como na série, Ash e Pikachu vêem a ave no seu primeiro dia de jornada. Porém, a história é inteiramente interrompida, já que o treinador decide ir em busca do Pokémon e isso se dá pelo restante do filme. Mesmo assim, o trajeto do herói é emocionante e a história é bem costurada e sincronizada com a evolução progressiva de Ash, que também enfrenta um conflito interno interessante sobre o motivo de ser um treinador. Junto a isso, a relação entre Ash e Pikachu é explorada e aprofundada, talvez, com a maior intensidade já vista até aqui, mesmo que com alguns exageros.
Pokémon - O Filme: Eu Escolho Você! não é um remake da série original, mas também não é uma história totalmente nova. É os dois e, em sua essência, um filme que conseguiu romper o padrão da série, mas manter o estilo e as mensagens da franquia para passá-las a uma nova geração de treinadores.
